‘Uma vergonha, fiquei indignada’, desabafa mãe de Janaína sobre pena de acusado de estuprar e matar estudante na UFPI

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O crime aconteceu em janeiro de 2023, em uma sala da Universidade Federal do Piauí, em Teresina, durante uma calourada. Thiago Mayson foi condenado a 18 anos de prisão.

A mãe da estudante Janaína Bezerra, Maria do Socorro Silva, contou ao g1 que ficou indignada ao saber que o acusado de estuprar e matar a sua filha, Thiago Mayson, foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão. O julgamento iniciou na sexta-feira (29) e terminou às 5h deste sábado (30).

O crime aconteceu em janeiro de 2023, em uma sala da Universidade Federal do Piauí, em Teresina, durante uma calourada, no dia 28 de janeiro deste ano. Thiago Mayson era estudante do mestrado em matemática da UFPI e já conhecia a vítima, que cursava jornalismo na instituição.

“Uma vergonha, fiquei indignada. Pensei que era brincadeira quando me falaram 18 anos de prisão. Ele fez tudo com a minha filha morta e ainda tentou esconder o corpo. A sociedade está com vergonha, é um desrespeito com as mulheres”, declarou.

Thiago Mayson foi condenado pelos crimes de homicídio culposo, estupro de vulnerável, vilipêndio de cadáver (pelo estupro da vítima depois de morta) e fraude processual (por interferir nas provas). A qualificadora do feminicídio foi desqualificada, por isso a pena foi menor.

Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI.  — Foto: Reprodução Rede Social

Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI. — Foto: Reprodução Rede Social

A família de Janaína e a acusação esperava a pena superior a 40 anos. Após o julgamento, Thiago Mayson retornou para a penitenciária de Bom Jesus para cumprir a pena.

“Ele não vai cumprir a metade de 18 anos, logo vai sair do presídio. Vamos recorrer para aumentar a pena”, contou a mãe de Janaína.

Acusação vai recorrer

A pena prevista pela acusação era de cerca de 70 anos de prisão. Por entender que seria necessária a acolhida pelos jurados da qualificadora de feminicídio, o que não aconteceu, a acusação pretende recorrer da decisão.

“Ele não foi absolvido de nenhum crime, foi condenado por todos, mas nós discordamos da pena para o homicídio, consideramos muito baixa, por isso vamos recorrer”, explicou ao g1 a advogada Florence Rosa, assistente de acusação.

No inquérito policial, Thiago Mayson foi indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, mas foi condenado apenas por uma qualificadora.

No caso de Thiago Mayson, dois pontos foram considerados agravantes: emprego de meio cruel (já que ela morreu em decorrência de uma asfixia em que teve o pescoço quebrado) e por feminicídio (levando em conta a condição de mulher da vítima), o que não foi considerado pelo Júri. A acusação pretende recorrer para que ele responda também pelo feminicídio.

O indiciamento também incluiu os crimes de estupro, vilipêndio de cadáver (violência após a morte) e fraude processual, já que foi constatado que o suspeito tentou ocultar provas do crime. Por esses últimos, ele foi condenado.

Julgamento após duas suspensões

Thiago foi condenado depois de cerca de 20 horas de julgamento, após duas suspensões das sessões. O conselho de sentença foi definido nessa sexta-feira (29) e a decisão foi proferida às 3h deste sábado (30). A sessão aconteceu a portas fechadas, entre outros motivos, porque vídeos feitos no momento do crime, com a vítima morta, foram exibidos ao conselho de sentença.

A delegada Natália Figueiredo, responsável pela investigação do caso, revelou ao fim do inquérito que Thiago Mayson praticou violência sexual contra a estudante quando a jovem já estava morta e chegou a fazer fotos da vítima durante o estupro, enquanto ela sangrava.

A audiência aconteceu desde as 9h dessa sexta-feira (29), a portas fechadas, e nem mesmo a família da vítima pôde acompanhar o caso. O juiz Antônio de Reis Nolleto, que presidiu a sessão, impediu a entrada de pessoas.

Thiago foi o último a prestar depoimento. Todas as testemunhas foram de acusação, já que a defesa não levou testemunha.

Adiamentos

A última suspensão do julgamento aconteceu no dia 1º de setembro, quando Ércio Quaresma, ex-advogado do goleiro Bruno Fernandes, assumiu a defesa de Thiago.

O adiamento aconteceu porque, segundo o advogado, ele havia assumido a defesa poucos dias antes da data marcada para o segundo julgamento. Essa foi a segunda vez em menos de um mês. A situação causou grande revolta em amigos e familiares da vítima.

No dia 17 de agosto, data inicial marcada para a sessão, a Justiça já tinha suspendido o julgamento pela ausência de jurados. Um dos motivos da suspensão do Julgamento, segundo o Tribunal de Justiça, foi um pedido da defesa do acusado para analisar dados recém protocolados pela acusação. O outro motivo foi um erro de encaminhamento da UFPI a servidores que sejam convocados para o júri popular.

Acusação queria pena de 70 anos

A assistência da acusação do julgamento do estudante de mestrado Thiago Mayson estimou uma pena de 70 anos para os crimes contra a estudante de jornalismo Janaína Bezerra, morta no dia 27 de janeiro deste ano durante uma calourada que acontecia na instituição.

Thiago Mayson foi acusado pelo assassinato da estudante Janaína, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, estupro, vilipêndio de cadáver e fraude processual.

No dia 5 de abril, Thiago Mayson passou por audiência de instrução. A sessão foi dirigida pelo juiz Antônio Nolêto. Além do acusado, foram ouvidas as testemunhas de defesa e acusação.

O crime

O que se sabe sobre assassinato de estudante de jornalismo na Federal do Piauí

O que se sabe sobre assassinato de estudante de jornalismo na Federal do Piauí

estupro e assassinato da estudante de jornalismo, Janaína Bezerra da Silva, de 22 anos, aconteceram em 28 de janeiro de 2023. A jovem foi morta dentro de uma sala de estudo do curso de matemática da Universidade Federal do Piauí (UFPI), durante uma calourada.

A Justiça do Piauí aceitou a denúncia contra o estudante de mestrado. O processo correrá na 1ª Vara do Tribunal do Júri. O mestrando Thiago Mayson Barbosa, de 28 anos, está preso desde o flagrante, na Cadeia Pública de Altos.

A Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva durante audiência de custódia ocorrida um dia após o crime, no dia 29 de janeiro. Com a prisão do suspeito, o inquérito foi concluído em nove dias, a denúncia foi feita pelo Ministério Público no dia 14 de fevereiro, sendo aceita pela Justiça no dia 17.

O acusado foi citado pela Justiça no dia 24 de fevereiro, tornando-se réu pelos crimes praticados contra Janaína.

Thiago Mayson alegou que viu Janaína na calourada e que a convidou para uma sala do mestrado em Matemática. Segundo ele, a jovem aceitou o convite e os dois mantiveram relação sexual consentida. Confira o depoimento dele e de testemunhas clicando aqui.

Pouco tempo depois, o processo que apurava a morte da estudante universitária foi posto em segredo de justiça.

Caso Janaina Bezerra

Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI — Foto: ReproduçãoUFPI vive dia de luto após estupro e assassinato de estudante e alunos fazem manifestação / Sala onde ocorreu o crime em que morreu a estudante de jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos. — Foto: Andrê Nascimento/ g1 Piauí

17 fotosCaso Janaína Bezerra: sala da UFPI onde ocorreu o crime — Foto: Lívia Ferreira /g1

Estudante de jornalismo estuprada e morta dentro da UFPI

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