Ela também é investigada por encaminhar crianças e adolescentes para famílias substitutas sem a devida autorização judicial. Mulher ainda teria feito um aborto ilegal em uma criança acolhida no local.
A diretora de um abrigo que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em Posse, no nordeste de Goiás, foi afastada do cargo e presa na sexta-feira (27). Segundo a Polícia Civil, a mulher é suspeita de maus-tratos e tortura, como prender crianças em um quarto escuro por dias para que se comportassem melhor.
O nome da investigada não foi divulgado pela polícia. Por esse motivo, o g1 não localizou a defesa dela para se manifestar sobre os crimes.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Posse e com o Conselho Tutelar da cidade em busca de um posicionamento e aguarda retorno. As tentativas foram feitas por e-mail e telefone, às 16h de sábado (28).
Além da prática de tortura e maus-tratos, a diretora do abrigo também está sendo investigada por encaminhar crianças e adolescentes para a famílias substitutas sem a devida autorização judicial.
“A diretora era conivente e também praticava abusos. Além dos maus tratos, ela coagia o pessoal da assistência social a emitir pareceres sociais destoantes da realidade, para colocar crianças em famílias substitutas”, afirmou o delegado Humberto Soares, responsável pelo caso.
Entre os casos mais graves está o da menina Maria Eduarda Vitória de Sousa, de 5 anos, que foi entregue aos cuidados da tia, no Piauí, sem autorização judicial. No último dia 14, a menina foi levada morta para um hospital com sinais de espancamento. A Polícia Civil do estado investiga o caso e prendeu a tia.
![Criança de 5 anos é morta por espancamento e tia é presa suspeita do crime no Piauí — Foto: Reprodução](https://s2-g1.glbimg.com/aRDeKU-SBeMeYM1QjT9vArUHArY=/0x0:1700x1065/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/B/B/8UZvZiSmCMoVAGCAKrMQ/menina-caso-piaui.jpg)
Criança de 5 anos é morta por espancamento e tia é presa suspeita do crime no Piauí — Foto: Reprodução
Desvio de doações e aborto
Ao todo existem 23 crianças no abrigo e todas continuam no local após a operação policial.
Segundo o delegado Humberto Soares, a diretora também é suspeita de desviar doações enviadas ao abrigo para proveito próprio. A mulher teria também feito um aborto ilegal em uma criança do abrigo.
“Há sim uma denúncia de aborto ocorrido dentro da casa tendo uma das crianças como vítima. Estamos apurando a autoria e a materialidade delitiva, bem como a circunstância da diretora ter procedido ao aborto e encobrido o fatos”, detalhou.
Durante operação, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa da suspeita e na casa de acolhimento. Foram apreendidos documentos para as investigações.
Castigos e maus-tratos
A Polícia Civil afirma que começou a investigar o abrigo depois de ter recebido denúncias de que crianças e adolescentes eram submetidas a tratamento cruel no local.
![Polícia investiga casa de acolhimento para crianças e adolescentes, em Posse, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil](https://s2-g1.glbimg.com/FxLAnlHNptZDpqp5FpLlIceL2yE=/0x0:1700x1065/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/J/f/5pzMQqTWSSKMiRTdvzjw/abrigo-op.jpg)
Polícia investiga casa de acolhimento para crianças e adolescentes, em Posse, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Durante as investigações, algumas vítimas e testemunhas relataram que os internos eram colocados de castigo, havendo episódios em que as crianças não recebiam alimentação básica como forma de punição por mau comportamento.
O delegado afirma que também há notícias de que as crianças não tinham acesso a assistência médica e eram proibidas de participar de atividades sociais.