Obra de autor brejense combina realismo fantástico e crítica social para narrar o impacto da fé opressora e da violência em vilarejos da caatinga
Uma nova voz da literatura piauiense ganhou espaço com força e originalidade. É Patrick Torres, escritor nascido e criado no interior do Piauí, que lança seu segundo romance, Seca, bebe sangue a terra, publicado pela editora Astral Cultural, e já repercute com profundidade no cenário literário nacional.
O autor e sua trajetória
Patrick Torres estreou com O cozer das pedras, o roer dos ossos, obra de estreia que contou com reconhecimento inclusive no formato audiolivro. Formado em medicina, o medico e escritor Pactrick Torres une seu ofício científico à sensibilidade literária, construindo narrativas densas e ricas em atmosferas sertanejas, em línguas da fé, da terra ressequida e da alma humana perante o fanatismo.
Sobre o livro
Seca, bebe sangue a terra conta a história de Darian e Matias, dois jovens que correm livres pelo “Saleiro”, caçando rolinhas caatinga adentro. A paz deles se quebra quando uma santa surge, segundo uma visão do novo padre da localidade desencadeando poder religioso que se estende até a tirania. A fé, antes consoladora, torna-se instrumento de opressão para os que não se dobram. Darian e Matias carregam um segredo que, lentamente, os conduz à beira da loucura. A narrativa caminha entre culpa, vingança e a tensão existencial, ambientada em um vilarejo mergulhado na aridez da caatinga.
São 208 páginas em brochura, editado pela Astral Cultural em 2025. A obra evoca o realismo fantástico, com traços de crítica social e reflexiva, pautada em símbolos da fé cega, da perseguição moral e do peso do silêncio.
Repercussão e impacto
Desde seu lançamento, Seca, bebe sangue a terra tem atraído atenção de leitores, críticos literários e apreciadores da cultura nordestina. A Livraria ME, a Travessa, além de outras plataformas, destacam a originalidade do enredo e o modo como Torres consegue evocar com estética literária potente e ao mesmo tempo visceral.
O livro é tema de debates sobre literatura LGBTQ+, ficção rural, ética e fé, mostrando-se relevante não apenas como obra de entretenimento, mas como documento literário de valorização da memória sertaneja.
A editora e o protagonismo cultural
A Astral Cultural reafirma seu papel de vanguarda no apoio a vozes emergentes do Brasil interior. Responsável por lançar obras que dialogam com romances críticos, ficção de sensibilidades regionais e experimentações literárias, a editora atua também como espaço de resistência cultural, promovendo autores que escrutinizam o presente por meio da arte da palavra.
Em Seca, bebe sangue a terra, Patrick Torres demonstra que a secura do solo pode dar lugar à palavra poética, à fúria das injustiças e ao desabafo da fé ferida. Más uma vez, a literatura vive sua vocação de espelho quebrado, que reflete o que dói para, talvez, curar. O livro já está disponível para encomenda e compra nas principais livrarias físicas e online.
Veja as fotos e assista o video




